terça-feira, 11 de outubro de 2011

D. Dinis, o Rei Poeta




Neto de Afonso X e filho de Afonso III. Subiu ao trono em 1279 e reinou durante 46 anos. Fundou a Universidade Portuguesa em Lisboa (1/III/1290). Transferida para Coimbra em 1308. Determinou o uso da "língua vulgar" nos documentos oficiais, em detrimento da latina. Mandou traduzir as Sete Partidas e a Crónica Geral de Espanha, além de obras árabes de história e geografia. Do rei trovador restam 138 cantigas: 76 de amor, 82 de amigo e 10 de mal-dizer.

Por ocasião dos 750 anos do nascimento do Rei D. Dinis, recomenda-se a visita da exposição Dionisivs Rex -Documentos de D. Dinis na Torre do Tombo. Nela descobrimos alguns testemunhos  que nos permitem revisitar o reinado próspero e plurifacetado de uma das figuras régias mais bem sucedidas da história de Portugal .




 Notação musical de cantigas de amor de D. Dinis

Fragmento descoberto pelo Prof. Harvey L. Sharrer, em 1990



Segundo o musicólogo Manuel Pedro Ferreira, este fragmento, "transmite-nos canções de um dos mais prestigiados reis de Portugal, que foi simultaneamente um dos mais famosos trovadores galego-portugueseses; foi escrito mais de duzentos anos antes das cópias através das quais os poemas nos eram conhecidos; permite vislumbrar as caracteríticas do cancioneiro perdido que em tempos integrou; e, sobretudo, inclui notação musical - a primeira que nos aparece em cantigas d' amor - o que faz dele o mais antigo documento conhecido com música profana de origem portuguesa."


Descobre mais na Torre do Tombo.


" O que nunca cuidei a dizer"

O que nunca cuidei a dizer,
com gram coita, senhor, vo-lo direi,
porque me vejo já por vós morrer
(ca sabedes que nunca vos falei
de como me matava voss´amor):
ca sabe Deus bem que doutra senhor,
que eu nom havia, mi vos chamei.
E tod´aquesto mi fez(o) fazer
o mui gram medo que eu de vós hei,
e, des i, por vos dar a entender
que por outra morria ( de que hei,
bem sabe Deus, mui pequeno pavor);
e des hoimais, fremosa mià senhor,
se me matardes, bem vo-lo busquei.
E creede que have(er)ei prazer
de me matardes, pois eu certo sei
que esso pouco que hei de viver
que nem-um prazer nunca veerei;
e, porque sõo esto sabedor,
se mi quiserdes dar morte, senhor,
por gram mercee (eu) vo-lo terrei.


 O que vos nunca cuidei a dizer






Base de dados disponibilizada pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Contém:
  • a totalidade das cantigas medievais presentes nos cancioneiros galego-portugueses;
  • as respetivas imagens dos manuscritos;
  • a música (quer a medieval, quer as versões ou composições originais contemporâneas que tomam como ponto de partida os textos das cantigas medievais).




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